quinta-feira, 29 de julho de 2010

Macaquinhos no sótão


 Texto publicado no Jornal Voz da Terra

“Era uma vez um menino maluquinho. Ele tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés, umas pernas enormes (que davam para abraçar o mundo) e macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinhos no sótão)”. Quem foi criança na década de 80 certamente se lembra dessa desses versos, escritos por Ziraldo, criador do “Menino Maluquinho”. Dos elementos apresentados, de longe os macaquinhos são os mais intrigantes. Macacos são divertidos, irresponsáveis, inquietos – corresponde a constante agitação da imaginação infantil. Sótão representa a parte superior de uma casa, lugar onde se guardam apetrechos pouco usados – e aqui corresponde ao cérebro, supostamente a parte pensante do homem. Logo, ter macaquinhos no sótão é o mesmo que estar em permanente processo de criação.
Contudo, o mecanismo que permitiu a apreensão desse encontro inusitado entre macacos num sótão constitui um momento especial na vida de qualquer criança: quando pela primeira vez ela junta uma letrinha, e mais outra, e várias delas e começa... a ler! A descoberta do mundo através das letras é uma conquista tão importante que será utilizada pelo resto de sua vida. E a cada nova idéia que se transforma na imaginação é uma nova janela que se abre para o mundo. A leitura é essencial para a formação de sujeitos conscientes, responsáveis por sua aprendizagem. A experiência positiva com a linguagem possibilita à criança operar melhor a realidade que a cerca e modifica-la de acordo com suas necessidades.
  Apesar da cultura de imagens que nos últimos tempos tem invadido nosso cotidiano, em comparação com outras manifestações artísticas, como o cinema e a televisão, a leitura preserva vantagens únicas: as escolhas não se limitam á ofertas da atualidade comercial; é possível ler onde e quando a conveniência solicitar; pode-se imprimir o ritmo necessário, retardando ou apressando seu conteúdo. É possível ainda interrompe-la para reler ou refletir, tudo isso ao bel-prazer do leitor
Crianças têm uma curiosidade inata e a literatura infantil proporciona um jogo singular.  Através do objeto livro, seu formato, seu manuseio fácil e contato com as possibilidades emotivas que este oferece, o pequeno leitor faz descobertas e aprimora sua capacidade de comunicação com o mundo.
É fato que esta experiência ocorrerá quanto mais freqüente for o contato da criança com os livros.   E é fato também a precariedade com que o público infantil consegue acessá-los. São raras as bibliotecas escolares. As que existem não possuem acervo adequado ou métodos que propiciem o contato agradável com o livro. Mais raras ainda são as bibliotecas domésticas.
Neste cenário, a falta de incentivos à leitura, principalmente de textos literários, diminuem as possibilidades que a criança tem de mergulhar em mundos desconhecidos e fantasiosos. Como antes citado, crianças são naturalmente curiosas e imaginativas.  Assim como a personagem de Ziraldo, crianças têm olho maior que a barriga, vento nos pés, fogo no rabo, e principalmente macaquinhos no sótão. E precisam de um repertório lingüístico variado para dar vazão a toda criatividade arquitetada naquele sótão. Investir no contato com livros sempre é uma boa opção. Macaquinhos agradecem...


Márcia de Oliveira Tozzi
Psicóloga | CRP 06/87851
marcia_tozzi@yahoo.com.br

Abrindo as cortinas à fantasia!


Texto publicado  no Jornal Voz da Terra


Lá vai o trem com menino, lá vai a vida a rodar, lá vai ciranda e destino...” e vem passando o Trenzinho Caipira (bela composição de Villa-Lobos) a trazer no bojo de sua poética a sensação do tempo passando, do crescimento contínuo da infância à fase adulta – o movimento da vida.
Hoje vamos falar sobre o papel da fantasia em nossas relações com o mundo, enquanto uma vivência saudável e potencializadora de criatividade.
Quando brincamos, jogamos, devaneamos, criamos, a realidade amplia-se, pois houve espaço para pôr a imaginação em jogo. Geralmente o que nos move a dar brecha para a fantasia é a espontaneidade. Brincar, jogar, dançar, pintar são ações que nos lançam a um estado mais espontâneo e relaxado. Em qualquer idade!
Quem é que nunca desejou ter o pó-de-pirlimpimpim nas mãos e poder transformar as coisas imaginadas em coisas reais? No faz-de-conta podemos... Podemos dar forma ao faz-de-conta...Salve Monteiro Lobato e todos os inventores!
Observemos a cena: uma criança de mais ou menos 4 anos brincando. Monta o cenário com seus brinquedos ou até inventa-os, vai narrando a história, dando fala aos personagens, criando uma atmosfera. Está lá, absorta e entregue à ação e ao momento que se apresenta repleto de magia e também de enfrentamentos. Transporta-se, literalmente, da realidade habitual para esse universo inventivo e com destreza retorna.
A criança cria um universo próprio de experimentação das relações afetivas. Vivencia novos papéis e tem a oportunidade de recriar situações prazerosas e conflituosas pelas quais passou, jogando esses papéis e podendo, ela mesma, elaborar na brincadeira o que tiver sido dor e também afirmar o que tiver sido alegria.
O potencial criativo pulsa em todos, é da condição humana, assim abrir espaço para a fantasia em nosso cotidiano é dar mais porosidade à rigidez a qual, muitas vezes, somos impelidos ao realizar as atividades rotineiras e repetitivas.  Podemos aprender muito com as crianças!
E para finalizar...as férias estão chegando e com elas o tão esperado tempo livre, que se alarga principalmente para os pequenos, trazendo a promessa de lazer e divertimento. Sim! Tempo bom para pegar aquele trem com a criançada e dar as mãos ao seu menino – esse que mora em você...mas também reserve na bagagem pó-de-pirlimpimpim para cada dia do ano, assim a sua rede de relações agradece.

Lívia Pellegrini – psicóloga, psicodramatista
crp 06/74809




Brincando se aprende, se apreende brincando

Texto publicado no Jornal Voz da Terra


Quando nós adultos ouvimos as palavras brincar, brinquedo, jogos, brincadeira logo associamos a algo divertido, descontraído, sem maiores pretensões. Mas, do ponto de vista da criança o brincar está para além de uma simples diversão, farra, passa-tempo. O brincar também comporta outras questões.
A brincadeira é para a criança uma maneira de ela organizar seu mundo interior a partir das relações que mantém com o mundo exterior. Ela expressa seus sentimentos e a compreensão que faz do mundo ao seu redor. É a possibilidade de criar, fantasiar e imaginar a partir desses dois mundos, interior e exterior. Diferentemente do que a maioria das pessoas possa pensar, esses mundos não estão separados, cada um no seu lugar, eles caminham juntos, um em contato com o outro, um influenciando o outro.
O brincar proporciona à criança tanto a possibilidade de aprender conteúdos formais, educativos, quanto a possibilidade de se apreender. Como se dá isso? É que brincando a criança vai construindo uma imagem de si mesma, vai se percebendo, se constituindo enquanto sujeito. É uma maneira de tentar elaborar o que se passa dentro e fora dela.
No começo, o bebê e a criança pequena brincam sozinhos, ficam horas olhando e manuseando o mesmo brinquedo, repetindo por diversas vezes a mesma brincadeira. Depois ela passa a se dirigir a um outro para que brinque com ela, que podem ser, por exemplo, os pais, parentes, responsáveis, amiguinhos ou os professores da creche.
Para a criança, organizar todas essas relações, seus sentimentos, sua realidade não é tarefa fácil. Um mundo cheio de novidades, de descobertas, um turbilhão de imagens, de pessoas, de sons, de sentimentos e de emoções que surgem para a criança todos os dias.  
Então, as brincadeiras e os jogos trazem para a criança não apenas uma função educativa e de aprendizagem como também a possibilidade de se entender, de elaborar suas vivências e de se constituir enquanto sujeito. O que é um processo, não está dado, vai se realizando ao longo do tempo e da vivência singular de cada criança.

Paula Ione C. Quinterno Fiochi – Psicóloga Clínica. CRP: 06/77846
  

Olha a Galera Assissense aí, gente!!!


Texto publicado no Jornal Voz da Terra  

Olá Galera! Tudo bem? Bom a palavra “galera” já dá o tom do tema que pretendo apresentar aqui. Segundo o “pai dos burros” como popularmente é conhecido o nosso querido Dicionário Aurélio, galera é sinônimo de torcida que conseqüentemente significa os adeptos de um clube esportivo, grupo de torcedores. Em outras palavras pessoas que se agrupam por um mesmo objetivo torcer, no caso, torcer por um clube esportivo. Desde junho estamos vivendo a copa do mundo 2010, nos organizamos para torcer pela Seleção Brasileira de futebol, e, quão belo é ver as bandeiras hasteada, penduradas nos carros, motos, casas decoradas de verde e amarelo e tantas outras formas criativas de decoração, um País inteiro unido por um mesmo objetivo – Sermos Campeões!!!!!!!! Hexacampeões para ser mais exata. O quanto esse momento nos alegra e eleva nossa estima e fortalece a nossa identidade de Brasileiros. Somos obrigados a também olhar para outros países com suas peculiaridades, diversidade cultural, manobras, técnicas, determinação, força e quem sabe aprendermos com tudo isso. Não foi desta vez que nos tornamos Hexacampeões. Sim, é triste. Afinal, gastamos muita energia emocional para torcer, mas vejam pelo lado bom dizem que as energias sempre se renovam nunca se esgotam, mas sim, se transformam. O que podemos aprender com isso? Primeiro que temos uma capacidade imensa de nos organizarmos numa galera em prol de um objetivo em comum, segundo aprender com os nossos erros e terceiro aprendermos com nossos adversários. Esse Outro tão diferente de mim e que justamente por isso pode nos ensinar tanto se o soubermos respeitar e admirar. Hoje quero me focar somente na primeira lição: nossa capacidade imensa de nos organizarmos numa galera em prol de um objetivo em comum.
Neste primeiro semestre de 2010, pude observar em nossa cidade varias festas populares que ocorreram graças à união das pessoas tais como, Festa de Santo Reis, organização e desfile das Escolas de Samba no Carnaval, Virada Cultural, Festas Juninas, Quermesses, Festa do Milho todas essas festanças envolvendo a população de todas as idades. Destaco, entretanto, a participação das crianças como a mais importante e, até mesmo a razão de ser de tanta comunhão. Pois, devemos nos lembrar que a criança está em desenvolvimento observando atentamente o que os adultos realizam, como realizam, se realizam e aprendendo com tudo que observam. Então, quão rico e preventivo é oferecer possibilidade de desenvolvimento para os pequenos com atividades recreativas/educativas constantes. Seja utilizando e valorizando o potencial local como também, trazendo atividades culturais de outros lugares. Investindo em espaços urbanos destinados à infância e adolescência e não estou falando somente de investimentos políticos, mas também o que cada um de nós cidadãos podemos oferecer para o bom desenvolvimento das crianças de nossa cidade. Somos tantos, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, educadores, advogados, enfermeiros, médicos, músicos, atores, atrizes e tantos outros, com potencial pra tantos projetos.
Fico imaginando quase como num sonho infantil que podemos nos organizar numa galera para também torcer pelas crianças. Desenvolvermos em nossa cidade vários projetos destinados aos cuidados e prosperidade das crianças. Poderíamos criar uma bandeira colorida e alegre como deve ser a infância (mas sabemos muito bem que nem sempre é) e para cada projeto implementado se receberia uma bandeira. E assim, quando 2014 chegar e começarmos novamente a nos preparar para torcermos por nossa seleção e esperarmos sermos Hexacampeão!!!!! Ao lado da bandeira do Brasil teremos também, outra bandeira, esta colorida símbolo dos projetos voltados à infância e adolescência. E Assis, considerada a cidade amiga da criança.

Ana Lúcia dos Santos
Psicóloga Clínica – CRP: 06/57051
p.espaco@yahoo.com.br