quinta-feira, 29 de julho de 2010

Brincando se aprende, se apreende brincando

Texto publicado no Jornal Voz da Terra


Quando nós adultos ouvimos as palavras brincar, brinquedo, jogos, brincadeira logo associamos a algo divertido, descontraído, sem maiores pretensões. Mas, do ponto de vista da criança o brincar está para além de uma simples diversão, farra, passa-tempo. O brincar também comporta outras questões.
A brincadeira é para a criança uma maneira de ela organizar seu mundo interior a partir das relações que mantém com o mundo exterior. Ela expressa seus sentimentos e a compreensão que faz do mundo ao seu redor. É a possibilidade de criar, fantasiar e imaginar a partir desses dois mundos, interior e exterior. Diferentemente do que a maioria das pessoas possa pensar, esses mundos não estão separados, cada um no seu lugar, eles caminham juntos, um em contato com o outro, um influenciando o outro.
O brincar proporciona à criança tanto a possibilidade de aprender conteúdos formais, educativos, quanto a possibilidade de se apreender. Como se dá isso? É que brincando a criança vai construindo uma imagem de si mesma, vai se percebendo, se constituindo enquanto sujeito. É uma maneira de tentar elaborar o que se passa dentro e fora dela.
No começo, o bebê e a criança pequena brincam sozinhos, ficam horas olhando e manuseando o mesmo brinquedo, repetindo por diversas vezes a mesma brincadeira. Depois ela passa a se dirigir a um outro para que brinque com ela, que podem ser, por exemplo, os pais, parentes, responsáveis, amiguinhos ou os professores da creche.
Para a criança, organizar todas essas relações, seus sentimentos, sua realidade não é tarefa fácil. Um mundo cheio de novidades, de descobertas, um turbilhão de imagens, de pessoas, de sons, de sentimentos e de emoções que surgem para a criança todos os dias.  
Então, as brincadeiras e os jogos trazem para a criança não apenas uma função educativa e de aprendizagem como também a possibilidade de se entender, de elaborar suas vivências e de se constituir enquanto sujeito. O que é um processo, não está dado, vai se realizando ao longo do tempo e da vivência singular de cada criança.

Paula Ione C. Quinterno Fiochi – Psicóloga Clínica. CRP: 06/77846
  

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