Texto publicado no Jornal Voz da Terra
“Lá vai o trem com menino, lá vai a vida a rodar, lá vai ciranda e destino...” e vem passando o Trenzinho Caipira (bela composição de Villa-Lobos) a trazer no bojo de sua poética a sensação do tempo passando, do crescimento contínuo da infância à fase adulta – o movimento da vida.
Hoje vamos falar sobre o papel da fantasia em nossas relações com o mundo, enquanto uma vivência saudável e potencializadora de criatividade.
Quando brincamos, jogamos, devaneamos, criamos, a realidade amplia-se, pois houve espaço para pôr a imaginação em jogo. Geralmente o que nos move a dar brecha para a fantasia é a espontaneidade. Brincar, jogar, dançar, pintar são ações que nos lançam a um estado mais espontâneo e relaxado. Em qualquer idade!
Quem é que nunca desejou ter o pó-de-pirlimpimpim nas mãos e poder transformar as coisas imaginadas em coisas reais? No faz-de-conta podemos... Podemos dar forma ao faz-de-conta...Salve Monteiro Lobato e todos os inventores!
Observemos a cena: uma criança de mais ou menos 4 anos brincando. Monta o cenário com seus brinquedos ou até inventa-os, vai narrando a história, dando fala aos personagens, criando uma atmosfera. Está lá, absorta e entregue à ação e ao momento que se apresenta repleto de magia e também de enfrentamentos. Transporta-se, literalmente, da realidade habitual para esse universo inventivo e com destreza retorna.
A criança cria um universo próprio de experimentação das relações afetivas. Vivencia novos papéis e tem a oportunidade de recriar situações prazerosas e conflituosas pelas quais passou, jogando esses papéis e podendo, ela mesma, elaborar na brincadeira o que tiver sido dor e também afirmar o que tiver sido alegria.
O potencial criativo pulsa em todos, é da condição humana, assim abrir espaço para a fantasia em nosso cotidiano é dar mais porosidade à rigidez a qual, muitas vezes, somos impelidos ao realizar as atividades rotineiras e repetitivas. Podemos aprender muito com as crianças!
E para finalizar...as férias estão chegando e com elas o tão esperado tempo livre, que se alarga principalmente para os pequenos, trazendo a promessa de lazer e divertimento. Sim! Tempo bom para pegar aquele trem com a criançada e dar as mãos ao seu menino – esse que mora em você...mas também reserve na bagagem pó-de-pirlimpimpim para cada dia do ano, assim a sua rede de relações agradece.
Lívia Pellegrini – psicóloga, psicodramatista
crp 06/74809
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